Há quem diga que falar de emoções é meio caminho andado para as sentirmos. Será?
Se por exemplo um autor, falando da sua personagem, escrever: “ele estava triste”, eu, enquanto leitor, identificar-me-ei com a sua tristeza? Será que este autor terá criado as condições para o leitor sentir empatia para com a sua personagem?
Nas palavras de Hemingway uma história consiste numa “sequência de movimentos e de factos”. Segundo o autor de O Velho e o Mar, uma sequência de acontecimentos correctamente encenados numa história permite criar um estímulo que, por seu lado, conduz o leitor a sentir a emoção que o autor procura suscitar. Ora aí está uma dica preciosa para provocar emoções em quem nos lê!
Voltando ao exemplo anterior, o facto de o autor nos dizer que a sua personagem está triste não provoca em nós empatia. Enquanto leitores precisamos de mais… Queremos nos envolver com as situações da história e experimentar o que as personagens estão a viver.
Uma sequência de acontecimentos cria na personagem determinadas emoções e é, precisamente, por essa via que o leitor se emociona. Para consegui-lo, o autor deve recorrer a todos os sentidos, elaborando assim descrições multidimensionais.
Ter apenas em conta o sentido da visão, por exemplo, cria quase sempre um efeito “liso”. Na fase da revisão do seu texto dedique uns minutos à reflexão sobre quais os sentidos que empregou. Assegure-se de que cada cena apresenta um detalhe proveniente de outro sentido que não seja apenas o da visão. Desta forma, o leitor poderá mergulhar na história e senti-la realmente.